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Astrologia: Um Breve Histórico

por Márcia Ferreira Silva

Algumas pesquisas arqueológicas realizadas na Índia levaram à descoberta de fragmentos ósseos datados de 23.000 anos contendo marcas semelhantes a tabelas planetárias. Podemos, portanto, falar do início do conhecimento astrológico com mais de 20.000 anos.

É a partir da Mesopotâmia (+ de 2.000 A.C.), porém, que aparecem os primeiros registros astrológicos propriamente ditos, ou seja, há mais de 4.000 anos. Este conhecimento dos povos antigos partiu da observação da relação dos eventos celestes com os acontecimentos terrestres.

As civilizações naquela época eram essencialmente agrícolas e a observação dos fenômenos celestes se mostrou muito útil para prever, por exemplo, qual seria a melhor época para plantios, ou em que época haveriam enchentes. Os eclipses, por ex., eram tidos como maus presságios. Determinada posição do planeta Marte deflagrava guerras. O ingresso do sol na constelação de Áries delimitava o início da primavera e assim estes povos percebiam que era um tempo propício às plantações, e assim por diante.

Dessa forma esses povos antigos começaram a estabelecer essa relação de sincronicidade entre os eventos terrestres e celestes e percebiam também que haviam ciclos e que os fenômenos se repetiam nestes determinados ciclos.

Antiguidade
Desde então a astrologia nunca deixou de existir na história da humanidade, tanto no Egito e Grécia antigos, como entre os gregos e romanos na virada de milênio, ou ainda entre os árabes da Antiguidade:
A introdução da astrologia na Grécia ocorreu após a conquista da Mesopotâmia por Alexandre, o Grande, em 331 A.C. Alexandre Magno foi o mais célebre conquistador do mundo antigo, conquistando vários povos a partir da Grécia e aumentando seu poder no oriente, e assim chegou também à Mesopotâmia. Enviaram astrólogos caldeus à Grécia para fundarem uma escola de Astrologia onde encontraram um terreno fértil para sua divulgação, já que entre os vários filósofos da época era grande o estudo da correlação entre os astros e seus movimentos em relação à vida dos homens.

Por ocasião da divisão do Império Romano em Oriental e Ocidental ( 395 D.C.), medidas duras foram tomadas contra os astrólogos e muitos se refugiaram no oriente, mais exatamente na Pérsia, promovendo o contato da astrologia com outros povos, dentre os quais os árabes. A partir dessa época até o séc. XI, portanto, foi um período em que na Europa a astrologia passou por um obscurantismo e somente sobreviveu graças aos árabes.

Idade Média
A partir do Séc. XI e principalmente do Séc. XII começou seu reflorescimento na Europa. O Séc. XII foi marcado por uma nova sede do saber, a redescoberta de autores gregos. A Astrologia foi incluída entre as Artes Liberais do Trivium e Quadrivium nas novas universidades européias. Astronomia e Astrologia retomavam a unidade antiga.

Renascimento
Mais tarde, com o Renascimento, houve uma grande difusão da astrologia, apoiada inclusive pelo Papado.
Alguns astrônomos conhecidos desta época que também eram astrólogos:
Regiomontanus – 1436 – astrólogo do rei da Hungria
Copérnico – 1473 – conhecedor de astrologia; descobriu a teoria do heliocentrismo
Paracelso – 1493 – conhecedor de astrologia
Nostradamus – 1503 – astrólogo; favorito de Catarina de Médicis
Tycho Brahe – 1546 – médico e astrônomo em Copenhague; astrólogo do rei da Hungria
Galileu Galilei 1564 – defensor do heliocentismo ; astrólogo de renome
Kepler – 1571 – aluno de Tycho Brahe e substituiu-o como astrólogo do rei da Hungria

Iluminismo
Com o advento do racionalismo e a partir do método de Descartes em 1637, a astrologia começou a perder crédito, justamente pela preponderância dessa visão somente racional e cartesiana. A cisão entre astronomia e astrologia fez com que a última se colocasse somente num patamar popular, culminando com a proibição na França em 1666 por Colbert , 1º ministro da França. A partir de então, nessa época, a astrologia passou a ser praticada de forma velada. A cisão entre astronomia e astrologia levou, por um lado, à popularização desta, por se encaixar nos padrões do racionalismo vigentes da época, e assim levou a astrologia a seu patamar mais baixo. A astrologia popular européia dos séculos XVIII e XIX não pode ser considerada séria.

Séc. XIX
A situação começa a mudar no século XIX, em plena época do Romantismo; há novamente uma mudança nos paradigmas e na forma de se pensar o mundo. Somente o pensamento cartesiano e o racionalismo parece que já não eram mais suficientes. Nessa época muitos pensadores, médicos e psiquiatras viveram e entre eles Freud e Jung, os quais contribuíram com a descoberta do inconsciente, pelo primeiro, e do inconsciente coletivo, pelo segundo.

Começou-se a falar não só do que era empiricamente comprovado, do mundo material, mas também de coisas que não podiam ser vistas e palpadas, como os sonhos e o inconsciente, “da alma dentro da máquina.”

A astrologia começou novamente a circular nos meios intelectuais através principalmente de Helena Blavatsky e Alan Leo. Helena Blavatsky, figura das mais notáveis do mundo na última parte do século XIX, traz uma vertente oriental, da Índia, que vai conformar a astrologia desta época com os fundamentos da teosofia, e depois Alan Leo, importante astrólogo na Inglaterra, escritor de renomados livros, começam a trazer a astrologia para um outro patamar.
Alan Leo fundou, em 1890, a revista The Astrologer’s Magazine, com W. Lacey. A revista teve muito sucesso, e passou a se chamar Modern Astrology. Escreveu abundantemente sobre astrologia, sendo o primeiro astrólogo inglês a redigir manuais de instrução para o público. Entre suas obras, destaca-se ” Esoteric Astrology ” ( Astrologia Esotérica ).

Alan Leo faleceu em 1917 e abriu um amplo caminho para os estudiosos. Seu herdeiro direto foi Charles Carter, tido como fundador da Astrologia Psicológica.

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica estudou e se utilizou da astrologia em seus trabalhos. Ele observou a correlação entre os fenômenos psicológicos e os dados astrológicos, o que contribuiu para a formulação da sua teoria da sincronicidade. Ele definia sincronicidade como “a ocorrência simultânea de um determinado estado psíquico com um ou mais eventos externos que têm um significado paralelo com o estado psíquico daquele momento.” Jung compreendia o funcionamento da astrologia exatamente por causa dessa sincronicidade, isto é, a estrutura psíquica da pessoa que iria nascer estava “significantemente paralela” às posições dos planetas no céu naquele momento. Jung chegou inclusive a fazer uma pesquisa astrológica entre casais, correlacionando as escolhas de cônjuges e seus mapas astrológicos.

Sécs XX e XXI
A partir de 1936, surgem os trabalhos de Dane Rudhyar, psicólogo, astrólogo e filósofo americano, que reformula as antigas tradições da astrologia, criando o que denominou de Astrologia Humanista, cuja visão da Astrologia passa a ser predominantemente psicológica em lugar de previsiva e sua meta passa a ser o auto-conhecimento profundo.

Nesse começo de século XXI, com a expansão da informação pela internet e o aumento do intercâmbio cultural entre oriente e ocidente, estão sendo retraduzidas obras antigas, a partir das versões mais próximas da fonte original. É o caso da tradução direta do árabe para o inglês de livros que ficaram conhecidos na Europa através de suas traduções espanholas ou italianas. Textos originalmente em latim passaram a ser revistos.

David Bohm, brilhante físico, colega e contemporâneo de Einstein, coloca: “nos encontramos neste momento numa era pós-moderna em termos de ciência: novos paradigmas filosófico-científicos também estão influenciando a astrologia”. A Teoria da Complexidade, o Holomovimento de David Bohm, os Campos Morfogenéticos, e muitas outras novas linhas de pesquisa e de integração do conhecimento e da vida humanos, veem na astrologia um instrumento importante para a compreensão da teia que forma a realidade em que estamos todos inseridos.

Astrologia: Um Breve Histórico