por Márcia Mattos
Se acompanharmos a trajetória de Urano desde a sua passagem pelo signo de Câncer e escolhermos um único tema como observação – o amor / os relacionamentos – teremos uma privilegiada visão panorâmica do que aconteceu com o amor nas últimas gerações.
As pessoas se dizem perplexas, desapontadas e perdidas nesta área. Perguntam – se, “o que aconteceu?” “As coisas mudaram…” – repetem elas. Claro que mudaram. Está tudo diferente inclusive na área dos relacionamentos. Afinal Urano – o mestres das rupturas e renovações, o mais revolucionários dos planetas já atravessou desde então 9 signos e algumas gerações.
Lembramos que Urano atravessa cada signo em 7 anos.
Alguns culpam os homens – as atitudes masculinas pelo que está acontecendo neste setor. Outros, as mulheres pelo espetacular desencontro/desentendimento que vem ocorrendo na área amorosa principalmente nesta última década. A maioria culpa ambos.
Mas na realidade tudo começo com Urano em Câncer…
Cada vez que um planeta transpessoal atravessa um signo, precisamos analisar seus efeitos em três camadas:
1ª – em relação aos que nasceram naquele período, com aquela marca. O que constituirá um traço geracional.
2ª – num plano macro, interpretando aquele momento vivido coletivamente com as características do planeta em questão e do signo transitado.
3ª – em relação à geração adiante que está sendo desafiada ou privilegiada pelo planeta dependendo do aspecto/ciclo que este fizer com o planeta natal dessas pessoas.
A geração nascida com um planeta transpessoal em um determinado signo só verá seus efeitos serem experimentados na prática quando este planeta fizer o seu primeiro ciclo com ele próprio. Urano por volta dos 14 anos e Netuno e Plutão em torno dos 20 e poucos anos. Antes disso as pessoas daquela geração não conseguem efetivar em suas vidas esses valores.
O esquema a seguir demonstra como a passagem de Urano por um signo afeta uma determinada geração.
URANO NO SIGNO DE CÂNCER
31 de agosto de 48 a 10 de junho de 56
Era uma vez… uma mulher que se libertou da pressão, da contingência da maternidade. Descobriu que este não era seu único personagem no elenco da vida. Percebeu que podia escolher; quando ter filhos, se tê-los, quantos tê-los. A obrigatoriedade da maternidade como única forma de representação do feminino caiu. Como o muro de Berlim. Nasceu uma liberdade para aparecerem novos e excitantes papéis para a mulher ou para o casal. A família anticonvencional gestada em 52. Com isto o excesso de vínculo à família – família nuclear – também se afrouxou. Já não se precisava “obedecer” aos pais, no sentido de seguir seus parâmetros, condutas, valores, modelos. Haviam outros modelos, paradigmas além dos da família de origem. Outra forma de se viver e de se escolher o tipo de mundo em que se queria transitar. Eu posso ser quem eu quiser quando crescer – fora das marcas da família de origem.
Neste estágio já se libertou homens e mulheres do único padrão até então praticado: o de papai e mamãe… o de crescei e multiplicai-vos… ou ainda João conhece Maria… se casa com Maria… forma família e faz neném… e permanecem juntos – não importa o que – por causa do neném. Para sempre nenén.
Urano em Câncer afeta os nascidos de 31 de agosto de 48 a 10 de junho de 56.
Desafia esta geração aos 21 anos, 41 anos, 63 anos. Quando Urano transitar em Libra, Capricórnio e Áries respectivamente.
E a favorece aos 14 anos, 28 anos, 56 anos e 70 anos. Quando Urano transitar em Virgem, Escorpião, Peixes e Touro respectivamente.
URANO EM LEÃO
24 agosto de 55 a 09 de agosto de 62
A principal “revolução” desta geração foi a libertação do conceito e da experiência de prazer. Ou seja, tem que ser bom para mim. Tem que me agradar e me satisfazer. Os relacionamentos foram pela primeira vez em muito tempo associados à idéia de prazer. Não os relacionamentos clandestinos e proibidos como historicamente já se assistiu inúmeras vezes, nem os romances da literatura ou os impossíveis. Mas qualquer simples mortal tinha pretensão de almejar um relacionamento normal, comum, possível que fosse também fonte de gratificação, prazer e contentamento.
O relacionamento deveria ter uma cara de namoro e proporcionar alegria a maior parte do tempo. Se não qual o sentido?
Começou-se a libertar a idéia de um Eu, de um Ego que deveria se manter livre para o prazer e gratificado na vigência das relações. E não se perder nelas, se anular por elas. Eu preexisto a um relacionamento, continuo existindo dentro dele e depois dele. Entra em crise aqui o conceito de ceder, conceder, renunciar a si próprio e muito menos a alegria ou ao contentamento para se manter um relacionamento estável. Muito menos ainda, se isto vier da parte de só um dos pares. O amor sacrifício que impõe renúncia perde popularidade. O aumento do narcizismo na escolha dos pares predispõe a um interesse maior de pessoas parecidas entre si. A tolerância pela diferença decresce.
Como os relacionamentos estavam um pouco mais libertos do destino de se casar e ter filhos, passa-se a escolher os pretendentes e o parceiros a partir de suas qualidades individuais e particulares e não só por sua função marido-mulher / pai e mãe. O indivíduo em si deveria ser interessante para atrair um par interessante. Começa toda aquela história de se querer alguém especial, e para tanto tem de ser alguém especial. A construção de uma identidade especial.
O que deve ser ressaltado nesta abordagem é a idéia de um amor mais livre, de um prazer mais livre e do crescimento do espaço de liberdade individual. O da individualidade preservada dentro das relações. E de um eu que busca no amor o seu aspecto lúdico, recreativo e prazeiroso.
Urano em Leão afeta os nascidos de 24 de agosto de 55 a 09 de agosto de 62. Desafia esta geração aos 21 anos, 41 anos, 63 anos. Quando Urano transitar em Escorpião, Aquário e Touro respectivamente.
E a favorece aos 14 anos, 28 anos, 56 anos e 70 anos. Quando Urano transitar em Libra, Sagitário, Aquário e Áries respectivamente.
URANO EM VIRGEM
10 de agosto 62 a 23 junho de 69
Foi nesta passagem que se realizou a verdadeira revolução dos costumes. A tecnologia mostrava seus avanços inclusive na área doméstica com uma série de facilidades para o lar. Desta maneira a mulher também dava um passo além na sua libertação das tarefas domésticas e podia se dedicar a outros assuntos fora do lar. Estudos, vida social e trabalho fora de casa.
O primeiro lançamento dos Beatles em 1963 invadia os lares e os ouvidos da juventude com “she loves you”!!! Em 1968 ainda na vigência da passagem de Urano em Virgem o mundo foi sacudido por revoltas e revoluções libertárias – contra – culturais duramente reprimidas.
É plantada a semente de uma nova geração de casais onde as tarefas do lar e da responsabilidades com as crianças começam a ser partilhadas e distribuídas entre homens e mulheres. Surge o estranho personagem do homem prendado para o lar e da mulher desenvolvendo-se para o mercado de trabalho.
Trabalho dividido – e lares super equipados. Este era o último lema do casal moderno
Urano em Virgem afeta os nascidos de 10 de agosto 62 a 23 junho de 69.
Desafia esta geração aos 21 anos, 41 anos, 63 anos. Quando Urano transitar em Sagitário, Peixes e Gêmeos respectivamente.
E a favorece aos 14 anos, 28 anos, 56 anos e 70 anos. Quando Urano transitar em Escorpião, Capricórnio, Touro e Câncer respectivamente.
URANO EM LIBRA
29 de setembro de 68 a 08 de setembro de 75
Como se trata mais uma vez de um signo cardinal, os abalos e as conseqüências de sua passagem são sempre mais marcantes.
É aqui que a tal da igualdade entre os sexos realmente se instala.
Meninos e meninas têm os mesmos direitos de fato e de direito.
O índice de divórcio cresce de maneira expressiva, principalmente dentro das uniões onde a balança não estava equilibrada entre os dois pares. Na Itália o divórcio foi legalizado em 70. Entre os dois pratos. As pessoas estavam agora realmente livres para se relacionarem como casal. Pela relação em si. Pela horizontalidade do relacionamento – eu e você – e não mais pelos vínculos de verticalidade – obrigação social/familiar. Começa a difícil jornada da escolha do par. Do par perfeito. Agora dois pesando na balança do par, pesos iguais.
Dois indivíduos autônomos, diferenciados, com chances e direitos iguais se buscando um ao outro para formarem um relacionamento justo, democrático e equilibrado. A harmonia do casal deveria prevalecer. As crises são intoleráveis e os desajustes facilmente descartados com uma separação. A relação ideal deveria funcionar na maior parte do tempo em harmonia e a capacidade de se trabalhar os momentos críticos seria cada vez mais reduzida.
Inaugura-se toda aquela história do jovem casal que passa a ter mais ou menos a mesma renda e podem juntos dividir despesas e sonhos de patrimônio.
Inicia a longa e polêmica questão quem paga o quê? O que é de quem?
Também pela primeira vez se cria a prática de experimentar viver junto antes de se casar. É só para ver se dá certo. Em uma espécie de ensaio para o casamento.
Também se formam pares, casais sem a obrigatoriedade do casamento e sem a sua proteção legal e oficial. O que valia mesmo era a sacralidade da relação em si ou sua qualidade e não sua tutela institucional.
Urano em Libra afeta os nascidos de 29 de setembro de 68 a 08 de setembro de 75.
Desafia esta geração aos 21 anos, 41 anos, 63 anos. Quando Urano transitar em Capricórnio, Áries e Câncer respectivamente.
E a favorece aos 14 anos, 28 anos, 56 anos e 70 anos. Quando Urano transitar em Sagitário, Aquário, Gêmeos e Leão respectivamente.
URANO EM ESCORPIÃO
21 de novembro de 74 a 17 de novembro de 81
O primeiro caso diagnosticado e registrado de AIDS se deu em 84. Até então éramos ingênuos o suficiente para praticarmos sexo livre e inconseqüente. Livres de laços, compromissos, de gravidez e até de uma segunda vez.
Foi apenas com advento da AIDS que este procedimento precisou ser revisto. Mas isto foi bem depois de Urano ter deixado o signo de Escorpião. Durante sua vigência neste signo a verdadeira revolução foi sexual.
Depois de muitos séculos de repressão e preconceito nesta área houve este oásis cultural onde sexo era um impulso, desejo, pulsão, sentimento ou ato praticados pelo sexo em si. Sem precisar vir adornado de romance, procriação, proteção conjugal, namoro firme… ou mesmo da aura do amor. Sexo e amor não precisavam coexistir. Melhor ainda, sexo prescindia do amor, mas de jeito nenhum o amor prescindia deste. Ao contrário, começava por ele e se mantinha por ele. O sexo gozava da sua plena vivacidade e frescor.
Começa uma geração com novas opções sexuais e novos formatos de sexualidade. O sexo ganha uma natureza experimental; isto é, deve-se praticá-lo para testar. Como experiência. E a multiplicidade de parceiros era uma prerrogativa.
Ninguém pensava em ter um único parceiro sexual para toda a vida. Também se inicia aqui o sexo precoce – que vai apavorar os pais com a pergunta: quando é cedo demais?
Também se tenta liberar esta pulsão de seu lado tabu, o misterioso e começa toda aquela história de educação sexual com as crianças, falar abertamente sobre sexo em casa e discutir preferências entre os parceiros. Mas definitivamente a libertação sexual ocorrida aqui veio remodelar a natureza das relações e só se escolheria permanecer com o parceiro, realmente, se nos encantássemos por ele, já que sexo podia ser facilmente obtido fora de uma relação estável. Então em que se basearia uma relação estável? Para que ela serviria? Para quem?
Fecunda nesta época e ganha a maior popularidade a tal da amizade colorida. Uma inusitada combinação entre a camaradagem da amizade e o prazer da sexualidade. Parecia não ter erro.
Também floresceu aqui o dilema de como manter aquecida a chama da atração sexual dentro de relações estáveis. Boas e até mesmo excelentes relações foram rompidas por desinteresse sexual ou por não atingir as altas expectativas, agora imprescindíveis, de um sexo permanentemente intenso. Os manuais e as matérias sobre desempenho e sobrevivência sexual proliferaram.
Urano em Escorpião afeta os nascidos de 21 de novembro de 74 a 17 de novembro de 81.
Desafia esta geração aos 21 anos, 41 anos, 63 anos. Quando Urano transitar em Aquário, Touro e Leão respectivamente.
E a favorece aos 14 anos, 28 anos, 56 anos e 70 anos. Quando Urano transitar em Capricórnio, Peixes, Câncer e Virgem respectivamente.
URANO EM SAGITÁRIO
01 de março de 81 a 03de dezembro de 88
Esta geração cresceu. Em todos os sentidos. Inclusive fisicamente. É impressionante como esses novos jovens ganharam corpo e altura. Parece uma geração que se preparou fisicamente e se tornou mais forte para enfrentar a competição que viria. Parecem atletas. Esportistas. Centuriões de um novo mundo. A intensa atividade física, a malhação, os esportes faziam parte desta preparação. Todo mundo começou a pensar em malhar, tonificar e ganhar músculos. Eu me pergunto se se tratava apenas de uma quentão estética, ou mesmo de saúde; ou será que não se tratava de um trabalho sobre o corpo para ele se tornar próprio para um uso mais muscular? De resistência, de enfrentamento. De disputa. E o corpo das mulheres foi rigorosamente malhado para isso. Elas também formatavam o corpo para se tornarem as atletas, heroínas que invadiriam a arena do mundo masculino. Agora homens e mulheres tinham inclusive fisicamente a mesma força, o mesmo talho, o mesmo corpo trabalhado. Quem poderia pensá-las de agora em diante frágeis? O mesmo se deu nas universidades. As mulheres passaram a ocupar pelo menos a metade das vagas disponíveis nos cursos superiores. Ocupavam metade das vagas mesmo nos cursos de Engenharia, Agronomia, Informática, Medicina e Ciências em geral – campos outrora praticamente vetados ou desinteressantes para elas. A maior parte dos cursos – de qualquer assunto – era também de dominância de freqüência feminina. Agora elas também sabiam mais. Conheciam melhor. De agora em diante quem poderia dominá-las ou ludibriá-las ou aproveitar de sua desinformação.
O desempenho escolar, as melhores notas também passaram a ser predominantemente das mulheres. Sem supremacia intelectual ou de conhecimento homens e mulheres precisariam se entender e se explicar em outras bases. A história da mulher burra caiu por terra. Passaram a ser sabidas e a exigir dos homens desempenho e um discurso mais bem preparado. Ninguém era mais bobo a partir daí.
O relacionamento ficou assim afetado por uma maior distribuição de conhecimento. Era um tal de mestrado pra lá, doutorado pra cá e uma grande demanda por títulos. Esta área também passou a ser um campo de competição e comparação entre os dois sexos. As relações passaram a partir de então a serem discutidas. Objeto de conhecimento. Temas de debates, seminários, publicações, teses, literatura e artigos. O amor precisava ser compreendido? Explicado? Conhecido? Estudado? Será que era agora uma ciência, matéria para intelectuais e precisaria ser reaprendido?
Urano em Sagitário afeta os nascidos de 01 de março de 81 a 03 de dezembro de 88.
Desafia esta geração aos 21 anos, 41 anos, 63 anos. Quando Urano transitar em Peixes, Gêmeos e Virgem respectivamente.
E a favorece aos 14 anos, 28 anos, 56 anos e 70 anos. Quando Urano transitar em Aquário, Áries, Leão e Libra respectivamente.
URANO EM CAPRICÓRNIO
01 de março de 88 a 12 de janeiro de 96
Outra vez a entrada em um signo cardinal traz os avanços e abalos próprios da natureza desta passagem. Nesta etapa se configura a entrada definitiva e agressiva das mulheres no mercado de trabalho e por decorrência ocorre uma forte alteração deste mercado. As mulheres agora ocupam espaços públicos, sociais, profissionais, científicos e políticos. Tão eficientes quanto os homens tomam quase que a metade da fatia do bolo e a partir daí nunca a vida profissional/material afetou tanto os relacionamentos.
A concorrência profissional entre homens e mulheres, a disputa pelo salário, quem ganha mais, a independência financeira da mulher, a comprovação de sua eficiência (em alguns casos muitas mulheres se tornam chefes de homens e mesmo chefes de famílias) dá o golpe de misericórdia no modelo patriarcal.
Quem ganha mais em casa, quem sustenta a família? Quem sobe mais na carreira? Quem se dá melhor no mercado de trabalho? Está instalada uma luta de classes entre homens e mulheres e uma inevitável disputa. As mulheres deram definitivamente um salto neste período. Pelo menos no que diz respeito ao lado material e profissional.
Toda hegemonia masculina sustentada ha dois mil anos em cima do poder material e da capacidade de prover foi posta em xeque . Afinal era por causa disso que eles mandavam tanto? questionavam as mulheres. Era só isso que sustentava todo esse poder? Elas provaram a si próprias, ao mundo e principalmente aos homens que isso não era mais privilégio deles e o pior… que afinal de contas não era assim tão difícil. Não era para se valorizar tanto… Obviamente os homens se sentiram atingidos e roubados do seu núcleo masculino e começou todo um processo de desarticulação deste núcleo dentro do próprio ser masculino. O poder está trocando de mãos? Suspeitam eles apavorados. A mulher não é mais sentida como uma aliada, muito menos como alguém frágil a ser protegida. São auto-suficientes demais. Material e emocionalmente. Os homens se ressentem disso. As mulheres também. Começa então uma inesperada retração do masculino no homem e um avanço desproporcional do masculino na mulher.
A auto-suficiência, o auto bastar-se sugerido por Capricórnio passa a influenciar todas as áreas. Desenvolve-se pela primeira vez um conceito de um solteiro feliz e que se basta. One is beautiful.
Desenvolve-se toda uma tecnologia de solteiro. O mercado passa a produzir para um. Afinal passa-se muito pouco tempo casado e muito mais tempo solteiro… ou separado e pela primeira vez não é tão ruim assim. O trabalho passa a ser o principal agente de sublimação. É nele que se jogam todos os anseios, frustrações e compensações. E ele recompensa. E as relações… nem tanto…
Urano em Capricórnio afeta os nascidos de 01 de Março de 88 a 12 de janeiro de 96.
Desafia esta geração aos 21 anos, 41 anos, 63 anos. Quando Urano transitar em Áries, Câncer e Libra respectivamente.
E a favorece aos 14 anos, 28 anos, 56 anos e 70 anos. Quando Urano transitar em Peixes, Touro, Virgem e Escorpião respectivamente.
URANO EM AQUÁRIO
12 de janeiro de 1996 a 10 de março de 2003
A inversão dos papéis masculino x feminino atinge o seu clímax. Assistimos mulheres “mais homens” do que os próprios homens e homens mais fragilizados. A diferença entre os sexos está radicalizada. Agora mais do que diferentes; invertidos.
É indiferente quem faz o quê. Quem paga, quem sustenta, quem decide. Pode ser um ou pode ser o outro. Depende de quem está em condições melhores para este fim. Materialmente ou emocionalmente. Há perda total dos referenciais masculino x feminino. Quem se ater a eles vai se perder ainda mais. Presenciamos o nascimento de uma certa androgenia. Em alguns casos fica fisicamente impossível distinguir se se trata de um menino ou de uma menina. Principalmente entre os mais jovens. Vestes iguais; ambos usam piercings, bolsa, cortam cabelo parecido, têm uma linguagem corporal idêntica e se comportam da mesma maneira. Numa estranha mistura onde não predomina nem o masculino nem o feminino. Quem são esses novos seres? O que representam e para onde apontam?
Outro fenômeno nascente nesta área é o namoro na internet, onde pares se encontram à distância. Promovem relacionamentos casuais e de pouca duração e praticam sexo virtual.
A pessoa pode chegar a escolher se ela quer só sexo, amizade, ou um namoro sério. É só clicar no lugar certo que o parceiro aparece. É uma espécie de delivery afetivo.
Não há dúvidas que estes encontros na internet refletem uma busca. Uma busca por esse estranho que mora em algum lugar do planeta e há de me completar. Há por trás disso a idéia de que o outro é um estranho. E de que talvez um estranho, só um estranho, alguém sem rosto, sem pré-conhecimento, sem uma apresentação – possa ser mais possível do que aqueles com quem eu convivo e encontro assiduamente.
Também presenciamos a formação de casais muito diferentes. Unidos pela diferença. Que o que combina é a descombinação. Casais inter-raciais, com biotipos diversos, e idades desiguais. O desigual passa a ser atraente e não temos mais o compromisso de nos relacionar apenas dentro da mesma faixa social, etária e racial. Vemos inúmeras vezes casais que nos chocam pela “desproporção” entre eles.
Outro fator marcante é a liberdade sexual, das escolhas sexuais, das ambivalências sexuais, da homossexualidade, da bissexualidade, de quantos mais formatos sexuais se quiser inventar. A escolha sexual não pode mais ser impedimento para o amor e relacionamento. O amor pode nascer e crescer em qualquer solo.
Chama-me atenção também um fenômeno típico desses nossos tempos de Urano em Aquário. Os relacionamentos com o máximo de prática de liberdade entre as partes. Não se trata mais de liberdade sexual. Nem de liberdade de se trair ou trocar de par. Mas a estranha liberdade para se ficar só – livre do par ou da obrigatoriedade de sua presença. Assim espaços são criados entre as relações. E áreas da vida de cada um ficam intactas e preservadas da relação. Descontaminadas. Aqui estamos no centro do reino dos fóbicos. Qualquer intimidade os asfixia. Obrigatoriedade é um crime contra o amor. O outro vem e vai quando eu quero, ou quando ele quer. Eu vou e venho quando eu quero. Neste sentido o namoro na internet e os casais formados à distância cai como uma luva. Com isso o individualismo é mantido a qualquer custo. Mesmo dentro de relacionamentos estáveis.
Fruto disto também é a prática do ficar. Tão comum entre os mais jovens. Ficar remete ao conforto do descartável, do instantâneo, sem compromisso, sem esperança. A quantidade suprindo a falta de qualidade. Não é esta mesma a idéia básica da sociedade de consumo? Por que também não praticá-la no amor? A novidade e o passageiro têm mais brilho do que o sólido e permanente. Ninguém suporta tédio. Relacionamento não pode ter tédio.
Ah! eu ia me esquecendo… Como convém ao signo de Aquário, mental, cheio de idéias… nunca se praticou, neste campo das relações, e em relação ao amor um discurso tão distante e diferente da prática. O que as pessoas dizem e pensam que buscam é totalmente diferente e melhor do que efetivamente elas praticam. Tudo próprio deste conceitual signo de Ar.
Também outro traço típico deste signo é a explosão dos contrastes e a convivência entre as diferenças.
Vemos simultaneamente a oficialização de casamento entre homossexuais junto com cerimônias conservadoras onde jovens noivas escolhem cerimônias rigorosamente dentro da tradição. Também vemos ainda jovens se casando porque ficaram grávidas e ao mesmo tempo mulheres escolhendo produção totalmente independente inclusive com pais de banco de sémen.
Ainda observamos casais onde as mulheres sustentam integralmente o parceiro e a família e parceiros masculinos pedindo pensão para suas bem sucedidas ex-mulheres. E ainda simultaneamente a tradicional e conservadora pensão extorsiva por parte das mulheres de seus antigos maridos, vivendo confortavelmente – em plena revolução pós-feminista de salário/marido.
Para concluir também presenciamos a mais espetacular liberdade, explicitação e oferta de sexo e ao mesmo tempo um número crescente de homens acusando impotência precoce usando medicamentos estimulante sexuais ou buscando mulheres de programa para saciar seus apetites sexuais. Tal como nossos avós.
Há uma hiper exposição sexual como se fosse algo natural e espontâneo, e sobre a qual ninguém se choca e nem é permitido se chocar. A quebra absoluta do pudor. O despudor é vivido como uma mensagem de liberdade sexual.
Urano em Aquário afeta os nascidos de 12 de janeiro de 96 a 10 de março de 2003.
Desafia esta geração aos 21 anos, 41 anos, 63 anos. Quando Urano transitar em Touro, Leão e Escorpião respectivamente.
E a favorece aos 14 anos, 28 anos, 56 anos e 70 anos. Quando Urano transitar em Áries, Gêmeos, Libra e Sagitário respectivamente.
URANO EM PEIXES
11 de março de 2003 a 12 de março de 2011
Agora, o problema de gênero (masculino-feminino) deflagrado em Aquário encontra a sua radicalidade com a entrada de Urano no signo de Peixes. O que vamos fazer com as porções femininas e masculinas dentro do próprio indivíduo e da cultura?
Como é próprio deste signo, o revolucionário da parte de Urano seria promover uma síntese, uma mistura, uma Fusão.
Traços masculinos e femininos misturados, resintetizados, remixados e reinterpretados dentro do mesmo sexo, na mesma pessoa, sem necessidade de delimitações óbvias ou aparentes. Uma androgenia emocional, existencial.
Mais confusão? Mais indiscriminação? Ou ao contrário, uma mistura final?
Veremos o surgimento de relacionamentos que interferem, somam, permeiam todas as áreas da vida do indivíduo. Cabem todos os espaços de sua vida neles. A revolução agora deveria ser feita pela entrega – solidariedade – cumplicidade – ajuda. O sentimento que deveria dominar seria o de empatia, isto é; hoje é com você, mas amanhã pode ser comigo. “Estamos todos no mesmo barco.” – É isto que nos une!
A idéia do relacionamento de ajuda poderia se fortalecer com a passagem de Urano em Peixes. O amor teria o poder de humanizar, tocar, sensibilizar, penetrar no sujeito, afagar-lhe a alma, ser balsâmico. Neste mundo tão árido, desconfiado, combativo, paranóico – o amor seria de novo o lugar privilegiado para se praticar a entrega, confiança e sintonia. O relacionamento deveria ser um lugar para se mergulhar e não se resguardar nem se reter nada.
Quem tivesse mais de algo (condições materiais, intelectuais, emocionais, existências) deveria estender por amor a quem tem menos.
Na realidade, no entanto, o que acabou acontecendo, foi que as pessoas justamente por causa de uma vida sob muita pressão e competição, criaram uma expectativa de que o relacionamento deveria ser um óasis em suas vidas, um lugar descontaminado. Ninguém estava a fim de ter problemas em suas relações. Acabou prevalecendo à idéia romântica e idealizada de Peixes.
Outro efeito interessante desta passagem de Urano em Peixes foi à coexistência de inúmeros formatos de relações que vão conviver na sua multiplicidade. Presenciaremos dois formatos dominantes:
1- O amor entre desiguais:
Um estende ao outro o que o outro não tem. O amor – doação e a revolução pelo altruísmo. Afinal o mundo não cresceu em desigualdade? Vamos deixar a sua correção só nas mãos dos governantes?
Afinal no micro universo das relações bem que podemos praticar um pouco desta igualdade. Isto é, se eu tenho mais de algo onde mais eu poderei ser tão generoso a ponto de incluir o outro nos meus privilégios do que motivado pelo encantamento do amor? Se o meu objeto de desejo não merecer o meu altruísmo, quem o merece? Onde mais praticar a generosidade e solidariedade? O amor é um solo fértil para esses sentimentos.
2- O amor entre iguais:
Um imenso número de afinidades, compatibilidades e convergências atrairiam os amantes. Isto para motivar a entrega e o mergulho para que o amor sob o signo de Peixes navegue e se infiltre em todas as áreas da vida. Nada como pares que se afinam e se “parecem” para que este movimento de integração seja natural.
O romantismo também deve entrar na moda e todo aquele arsenal da sedução próprio dos românticos: clima, velas, flores, música, delicadezas e por aí à fora.
Também podemos pensar na possibilidade da convivência entre amores passados e amores presentes. Do mesmo modo que a família nuclear explodiu e se formaram novas famílias a partir de novos casamentos, os afetos de certa maneira passaram a coexistir de formas, intensidades e estágios diferentes. Afinal têm-se filhos de pais diferentes convivendo entre si devido há segundos e terceiros casamentos.
Assim relacionamentos se sucedem e necessariamente não morrem e nem saem da vida do indivíduo. Acabou acontecendo uma abertura, uma abrangência maior para o amor, como se pudéssemos amar várias vezes na vida, e até continuássemos a amar alguns parceiros de maneira diferente. Não é mais preciso matá-los ou eliminá-los de nossas vidas, depois que deixaram de ser nossos pares. Caso contrário, viveríamos uma infindável sucessão de lutos e abandonos para uma única vida. Afinal, precisamos encontrar uma conciliação afetiva já que as relações deixaram de ser únicas e duradoras. Os relacionamentos passam a ser somados e não excluídos. Eles são mais ricos, abrangentes e complexos e incluem muitas gamas de sentimentos além do sexo e do compromisso oficial.
Faz parte desse novo tempo, a não existência de limites muito rígidos entre os relacionamentos e uma certa tolerância para a indefinição da natureza da relação que está se vivendo. Uma certa instabilidade passa a fazer parte quase que natural da vida afetiva.
Urano em Peixes afeta os nascidos de 12 de março de 2003 a 12 de março de 2011.
Desafia esta geração aos 21 anos, 41 anos, 63 anos. Quando Urano transitar em Gêmeos, Virgem e Sagitário respectivamente.
E a favorece aos 14 anos, 28 anos, 56 anos e 70 anos. Quando Urano transitar em Touro, Câncer, Escorpião e Capricórnio respectivamente.
URANO EM ÁRIES
11 de março de 2003 a 12 de março de 2011
Como vimos até agora, quando Urano entra em um signo, revoluciona diversas áreas da vida humana através das qualidades do signo que atravessa. Estamos usando Urano como um fator de mudanças e o campo para se verificar essas mudanças: os relacionamentos.
Com a passagem de Urano em Áries é a própria prática das relações ou o ato de estar em um relacionamento que está posto em questão.
Será que eu preciso realmente de alguém para ser feliz? Não fico tão bem sozinho? Será que esta coisa de ter alguém não é superestimada?
O número de “singles” por opção deve crescer na onda deste sentimento.
Não se trata de não se encontrar alguém ideal, ou a pessoa certa para se entregar ou se comprometer, como tem sido a queixa habitual. Trata-se de as pessoas não aturarem o outro ou não quererem se frustrar para atender às necessidades ou desejos do outro. Trata-se do “outro” ter encolhido e o “eu ” crescido.
Urano é um planeta associado à liberdade ou ao libertar-se, no signo de Áries, para atender aos anseios individuais imediatos.. É um tal de “eu” pra cá, “eu” pra lá…
Soma-se a um planeta de liberdade um clima de individualidade e pressa e já se vê onde os relacionamentos vão parar.
Primeiro, eles duram pouco. Há pouca tolerância, imediatismo e uma necessidade de que a forma de ser de cada um prevaleça. Os seus desejos e necessidades sejam atendidos. Há pouco espaço para a concessão. Quem vai ceder para que o relacionamento vingue?
Há um imediatismo e pouco espaço para a construção, para o investimento. Queremos que as coisas dêem certo logo. Não temos tempo para nada e corremos para tudo, porque teríamos tempo ou daríamos tempo para o amor?
Estamos treinados para descartar tudo o que não funciona, a não consertar, a comprar um modelo novo, a trocar de canal quando o programa não nos agrada imediatamente, a fazer sexo na internet e a sair do ar quando não nos interessar mais… Por que aturaríamos alguém por um longo tempo com todos os desconfortos e contrariedades que a presença constante de um outro em nossas vidas sempre provoca? Por que insistiríamos na mesma pessoa com todos os seus defeitos e suportaríamos a fase desestimulante que acompanha toda relação que se estabiliza? Por que iríamos além de um começo febril e excitante e abriríamos mão das múltiplas opções e de estar disponível para o que se apresentasse? Por que trocaríamos o instante pelo futuro? Por que trocaríamos o que queremos fazer pelo que o outro quer que façamos?
Quais passam a ser os atrativos de um relacionamento?
Antes de mais nada os relacionamentos devem ser estimulantes. Devem competir com todos os agentes excitantes que o mundo de hoje nos proporciona.. Não deve estagnar ou deixar de ser uma fonte de renovação. Deve haver arejamento, espaço para ambos respirarem e expressarem suas individualidades e liberdade para que cada um viva um pouco do seu próprio jeito, no seu próprio ritmo e seu mundo e suas preferências. Pessoas muito dependentes e sem estímulo próprio sofrerão mais com essas tendências. Ninguém está a fim de “carregar” ninguém, portanto as personalidades mais independentes, que se viram por conta própria, que parecem não precisar de ninguém podem se tornar as mais atraentes. Também as que demonstrem maior vigor, jovialidade e dinamismo
A pessoa tem que se manter interessante dentro do relacionamento, como já falei, para continuar sendo estimulante, já que muitas outras fontes de gratificação e prazer são despejadas no mercado erótico..
As relações não podem exigir muito do sujeito, nesta nova onda. Ele está disposto a dar pouco.
Outra questão importante é sobre o início dos relacionamentos. Eles começam rápido, sem muita escolha, avaliação ou mesmo namoro. Pulam-se muitas etapas e se gasta pouco tempo e energia para conhecer o outro ou para se fazer conhecer. Fica tudo na base da primeira impressão ou do impulso. Conseqüentemente as bases são pouco sólidas, vínculos frágeis e com muita facilidade as relações se rompem.
Há toda esta ansiedade que permeia nossas vidas nesses tempos e um marketing muito forte em torno do novo, da novidade. Como as relações podem durar ou competir com a faísca e o frescor de um estímulo novo?
E temos ainda pouco tempo, muito pouca calma para desfrutar do outro, de sua companhia, de sua conversa, de seu contato. As relações e os encontros se dão em meio a inúmeras outras atividades do dia ou da semana.
Como há muitos rompimentos, “o mercado” se renova muito rapidamente e em pouco tempo novos pretendentes se disponibilizam para novos encontros e para se formarem novos pares..
As relações se formam instantaneamente, para viver o momento, sem muita preocupação com o nível de afinidade e compatibilidade ou sem preocupação com o futuro ou se a história vai durar. Eu quero e eu quero agora. Prazer instantâneo.
Se você retira a exigência ou o foco de compatibilidade, os casais mais estranhos podem se formar, desde que funcione, por enquanto…
As relações se desenvolvem na crença de cada um por si, na manutenção de projetos individuais e com pouco nível de cooperação mútua.
No nível patrimonial, a tendência é que cada um mantenha seus próprios recursos e que saia da relação com o que entrou ou com o que adquiriu individualmente. O outro não se torna um parceiro “econômico” ou de bens. A premissa de que sexo é um recurso de gratificação pessoal e não um caminho ou uma conseqüência de um encontro ou relacionamento encontra um bom campo para se desenvolver. Sexo pode ser instantâneo, sem conseqüências futuras e sem repetição.
A passagem de Urano em Áries é desafiadora e de difícil adaptação para os nascidos com Urano em Câncer (de 1948 a 1956), Urano em Libra (de 1968 a 1975) e Urano em Capricórnio (de 1988 a 1996).
E é propícia e facilmente ajustável para os que nasceram com Urano em Leão (de 1955 até1962), Urano em Sagitário (de 1981 a 1988) e Urano em Aquário (de 1996 a 2003).
URANO NO SIGNO DE CÂNCER | 31 de agosto de 48 a 10 de junho de 56 |
URANO EM LEÃO | 24 agosto de 55 a 09 de agosto de 62 |
URANO EM VIRGEM | 10 de agosto 62 a 23 junho de 69 |
URANO EM LIBRA | 29 de setembro de 68 a 08 de setembro de 75 |
URANO EM ESCORPIÃO | 21 de novembro de 74 a 17 de novembro de 81 |
URANO EM SAGITÁRIO | 01 de março de 81 a 03de dezembro de 88 |
URANO EM CAPRICÓRNIO | 01 de março de 88 a 12 de janeiro de 96 |
URANO EM AQUÁRIO | 12 de janeiro de 1996 a 10 de março de 2003 |
URANO EM PEIXES | 11 de março de 2003 a 12 de março de 2011 |
URANO EM ÁRIES | 28 de maio de 2010 a 08 de março de 2019 |
Márcia Mattos
Jornalista, astróloga e escritora. Graduada em comunicação pela PUC, Pós Graduada em comunicação pela UFRJ e em Filosofia pela PUC. Exerce a profissão de astróloga desde 1984, como palestrante, consultora, professora e escritora. Coordenadora do primeiro curso de formação de Astrologia no Brasil da Astroscientia. Membro Fundador da SARJ-Sociedade de Astrologia do Rio de Janeiro. Autora de vários livros, inclusive dos “Livros da Lua”, publicação anual desde 2000 e coordenadora junto com Carlos Hollanda do curso de Formação em Astrologia na Universidade Candido Mendes no Rio de Janeiro a se iniciar em marco de 2012. Atual presidente do SINARJ.